sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Texto de José Wilker

Carta aberta do ator e diretor José Wilker sobre o seu atual descontentamento com a sua profissão, em especial na televisão.

Cara senhora Fabíola,
Atrasos e esperas são as coisas mais comuns do mundo em tevê ou cinema.
Talvez exista quem reclame apenas por hábito ou falta de assunto.
Eu, em geral, leio. Ou brinco. Quando ao MEU DESCONTENTAMENTO, quero
deixar claro que NÃO TEM NADA A VER COM O MACIEIRA. Creio que o interpreto lamentavelmente. Mas ele é bem escrito e traz idéias bem interessantes para a história do AGNALDO. Meu DESCONTENTAMENTO é com a minha profissão, em particular com a MINHA PRESENÇA NA TEVE. Por conta de tudo o quando se criou em redor dela. Principalmente por conta de uma MIDIA burra que a serve – ou melhor – desserve. Parece-me fundamental que qualquer arte seja bem servida pela crítica. Ela é essencial. Sem a crítica não teríamos um VAN GOGH ou PROUST ou PICASSO ou BOTICELLII ou HOMERO ou RENATO ARAGÃO ou PAULO GRACINDO ou LIMA DUARTE ou ENE outros tão fundamentais.

Entretanto, o que vivo agora é uma inesgotável invasão de TOLICES, um compulsivo querer descobrir QUEM COME QUEM e ONDE e outras FUTLIDADES, que prestam enorme desserviço ao que se produz na tevê. Ela já é – quase sempre -RUIM o bastante para dispensar mais esta colaboração idiota. Mas, como inventaram que fazer jornalismo sobre televisão é encher quadradinhos com notinhas maliciosas ou mal apuradas, fazer o que? Inventaram que é disso que o PÚBLICO gosta. É possível que haja alguma defesa para esta MEIA VERDADE. Mas, o ato, a ação correspondente é um exercício preguiçoso do ofício. Enfim, não quero mais tomar o seu precioso tempo, fica um resumo: estou descontente com o "ao redor" da TEVÊ. E vou tentar evitá-lo o quanto puder. Dedicar-me as coisas que me dêem mais prazer, como CINEMA, TEATRO, FUTEBOL, LEITURA, MÚSICA, MODA, ÓCULOS, RELÓGIOS, SEXO, BOA MESA, AMIZADES, BOA TELEVISÃO, qualquer coisa. Sou ator há 45 anos. Tenho o maior ORGULHO da profissão que escolhi e, sobretudo, respeito por ela e pelos colegas com os quais a divido. Quero continuar assim. Vou continuar assim.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Soneto da Fidelidade

Do poeta Vinnicius de Moraes

De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal posto que é chamaMas que seja infinito enquanto dure."

Lei de Imprensa: Um grito anti-censura em tempos democráticos

Artigo do jornalista Amaury Júnior, publicado no Jornal Correio da Tarde na edição de 27.02.2008.

Segundo o glossário de jornalismo de Maria Rosane Ribeiro - "notícia é o registro dos fatos, de informações de interesse jornalístico, sem comentários. Fatores objetivos determinam a publicação de uma notícia: o caráter inédito; o impacto que exerce sobre as pessoas e sobre sua vida; a curiosidade que desperta; a imprevisibilidade e a improbabilidade do fato."

Foi nesta linha de pensamento que o ministro Carlos Ayres Brito, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar na última quinta-feira, 21, suspendendo processos e efeitos de decisões judiciais relativas a 20 dos 77 artigos da Lei de Imprensa.

Coincidência ou não, na mesma semana supostos fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus entraram na justiça com cercas de 100 ações com os mesmos argumentos contra os jornais Folha de S.Paulo, Extra (Rio de Janeiro) e A Tarde (Bahia).

Tudo começou quando a Folha, publicou em 15 de dezembro, a reportagem "Universal chega aos 30 anos com império empresarial". A matéria trazia informações detalhadas sobre a igreja e suas empresas, entre elas 23 emissoras de TV e 40 de rádio. Após a publicação, aproximadamente 50 ações foram abertas em nome de fiéis da igreja contra o jornal e a repórter do jornal Elvira Lobato, em diferentes municípios. O que chama a atenção é o fato das ações terem dado entrada nos mesmos dias ou em dias próximos, os textos serem iguais ou muito parecidos e só mudar a assinatura de advogados. Quanto ao jornal A Tarde a ação foi movida por uma reportagem sobre o fiel Marcos Vinícius Catarino, que danificou uma imagem de São Benedito, em Salvador. Em relação ao Extra, representantes da igreja consideraram difamatória a reportagem que noticiava o caso em que uma fiel doou um carro à Universal a pedido da filha, que teria sido coagida a fazer a doação.

A decisão do STF foi tomada em resposta a uma ação movida pelo PDT, que pede a extinção da Lei de Imprensa por considerá-la "incompatível com os tempos democráticos". No documento foram anexadas cópias de reportagens e editoriais sobre as cerca de 100 ações judiciais movidas por membros da Igreja Universal contra os três jornais. O ministro Carlos Ayres que também faz parte do Supremo Tribunal Eleitoral frizou que "está na hora" do Congresso Nacional aprovar uma nova lei referente a imprensa.

Diversas entidades ligadas à classe jornalistica repudiaram as investidas da Universal, que diante de tamanha repercussão divulgou uma nota oficial afirmando não ter "qualquer interesse de orquestrar e incentivar processos individuais por parte de seus fiéis" e que "respeita a liberdade de imprensa, os jornalistas e suas entidades representativas, porém não admite que reportagens sejam usadas para ofensas de outras garantias constitucionais". Não parece que a Igreja pense assim, o que se sabe é que há muitas coisas obscuras por trás desta seita religiosa. E agora, a imprensa cumprirá mais do que nunca o seu papel, que é levar ao conhecimento do público, assuntos de seu interesse, para que o mesmo não seja enganado ou ludibriado por possíveis organizações criminosas camufladas.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Pior do que a inveja

Artigo do jornalista Vicente Serejo, publicado no dia 11.02.2008, no Jornal de Hoje.

Pior do que a inveja, só a ingratidão. Aliás, como já disse tantas vezes, o ingrato tem câncer na alma. Quem é capaz da ingratidão é capaz de tudo, inclusive de vender a mãe. Mas, na inveja, pelo menos, há coisas interessantes que explicam o sentido mórbido da alma humana. Outro dia a cronista Ana Cristina Reis, na sua coluna de O Globo, comunicou que havia descoberto o sentido da palavra Schadenfreude, de origem alemã, e que um dia leu num livro de Arthur Schopenhauer.

E logo explica, com toda singeleza e perfeição desse mundo, afinal os cronistas são assim mesmo, superficiais e rápidos em tudo: ‘É uma junção, bem ao estilo aglutinador alemão, Schaden (prejuízo) e Freude (alegria) que significa alegria pelo prejuízo alheio’. Isso tudo só para dizer a frase de Schopenhauer: ‘Sentir inveja é humano, gozar da schadenfreude é diabólico’. Ora, e é. E certamente choca muito mais do que a inveja lividamente vertida pelos olhos com os seus punhais.

Digo não por mim que nada tenho para ser invejado, principalmente grana e glória, azeites nobres de todas as invejas. Mas por alguns amigos que pagam o preço da vitória. Nenhum sonho humano pode ser mais nobre do que vencer uma luta justa. Do homem da caverna aos gladiadores de Roma, a luta só enobrece. É do imaginário humano. Mas, os louros da vitória, de uns tempos para cá, perderam o dourado da glória para o azinhavre dos que não suportam a vitória dos outros.

No mundo do consumo há alguns ícones especialmente fortes para deflagrar o sentimento da inveja. O carro, por exemplo. Nem é o preço o que fere. É a marca que faz o ícone e cria o novo monstro. Uma Mercedes, por exemplo, não é apenas um automóvel. Se fosse, e sendo menos caro do que outros outros, não seria a mistura infernal de amor e ódio que gera a inveja. Tê-lo e, mais que isto, ostentá-lo como uma nave a deslizar pelas ruas da cidade, é cutucar o cão com vara curta.

Tenho um amigo que já teve sua Mercedes citada em palestras, intrigas, autos de processo nos quais não estava envolvido, em tudo. Não exerce cargos em nenhuma das esferas públicas ou privadas, não presta serviço a governos e não constrói obras, mas seu carro tem sido personagem de histórias e estórias. Um outro, de tanto ser seguido pelo olhar perverso do mundo, não suportou e acabou vendendo. Hoje usa um mais caro, mas em compensação com jeito grande e anônimo.

Tudo isso vem desse fenômeno humano que nasce na alma e opera no centro do cérebro, o tal do schadenfreude. Esse vício mórbido, mistura da alegria com a desgraça, aliás tão comum no sentimento humano nesses tempos de exacerbadas competições. Não é tão terrível assim como a ingratidão, afinal o ingrato é traidor de si mesmo, vítima de um câncer que destrói a alma e vai pouco comendo tudo. A inveja é só a ferida da incapacidade de amar. Chaga que não fecha nunca.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Salmo 90

1. Tu que habitas sob a proteção do Altíssimo, que moras à sombra do Onipotente.
2. Dize ao Senhor: Sois meu refúgio e minha cidadela, meu Deus, em que eu confio.
3. É ele quem te livrará do laço do caçador, e da peste perniciosa.
4. Ele te cobrirá com suas plumas, sob suas asas encontrarás refúgio. Sua fidelidade te será um escudo de proteção.
5. Tu não temerás os terrores noturnos, nem a flecha que voa à luz do dia.
6. Nem a peste que se propaga nas trevas, nem o mal que grassa ao meio-dia.
7. Caiam mil homens à tua esquerda e dez mil à tua direita, tu não serás atingido.
8. Porém verás com teus próprios olhos, contemplarás o castigo dos pecadores.
9. Porque o Senhor é teu refúgio. Escolheste, por asilo, o Altíssimo.
10. Nenhum mal te atingirá, nenhum flagelo chegará à tua tenda.
11. Porque aos seus anjos ele mandou que te guardem em todos os teus caminhos.
12. Eles te sustentarão em suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra.
13. Sobre serpente e víbora andarás, calcarás aos pés o leão e o dragão.
14. Pois que se uniu a mim, eu o livrarei; e o protegerei, pois conhece o meu nome.
15. Quando me invocar, eu o atenderei; na tribulação estarei com ele. Hei de livrá-lo e o cobrirei de glória.
16. Será favorecido de longos dias, e mostrar-lhe-ei a minha salvação.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Pensamentos sobre a Diversidade


"Desprovincialize-se"

"Intereja e polemize"

"O conhecimento transforma"

"A verdade vale mais que a beleza"

"Faça valer a pena mesmo não valendo nada"

"Antes morrer de vodka do que de tédio"

"Só brigue na hora de se defender"

"Melhor ser feliz do que ter razão"

"Os opostos de distraem, os dispostos se atraem"

"Acorde arrependido, mas não deixe de fazer"

"Me ame quando eu menos merecer"

"Existe um mundo melhor... mas ele é caríssimo!"

"Quem disse que não pode???"